domingo, 16 de março de 2008

Filas

O melhor tipo de fila que existe são aquelas que se pode ficar sentado e não as menores necessariamente. Uma fila pode ter quatro pessoas na sua frente e ser um inferno bem maior do que uma de que tenha dez.

O grande problema não é o péssimo atendimento que temos em bancos, supermercados, lotéricas, cinemas. Sim, as filas também demoram porque têm poucos atendentes em horários de grande movimento e os donos, gerentes, coordenadores e sei lá quem manda não está nem aí e não põe mais gente para nos atender. Bagunça! Desorganização!

Mas não é esse o ponto que destrói um bom humor. A pior coisa para a má convivência em filas não é nem a falta de caráter de alguns indivíduos que tentam passar na frente dos outros. As filas não demoram muito mais só porque alguém passa na nossa frente, até porque os idosos agora têm exclusividade no atendimento e as filas já eram insuportáveis há muito tempo. Um ou dois furadores não mudam nada. A gente nem vê muitas vezes, até porque tem os nervosinhos que cuidam e reclamam de tudo o tempo inteiro.

Como se a fila não fosse chata por si só temos que agüentar uns carinhas de mau humor descarregando toda a frustração de viver em cima dos funcionários, dos furadores, das grávidas, dos idosos, Deus... É disso que estou falando. O grande problema das filas é a falta de educação dos próprios enfileirados.

Não sei se é a falta de cívica nas escolas ou do serviço militar, mas a grande maioria não sabe dar distância. É aquilo mesmo que se fazia na hora de entrar para a sala de aula quando éramos crianças e estávamos brincando no pátio da escola. A professora vinha mandava fazer fila e dar distância (esticar o braço sobre o ombro do colega e marcar a distância necessária). É horrível quando chegamos a um banco e já sabemos que a fila vai demorar mais do que gostaríamos, porque os lugares estão cheios de gente e ainda vem um que chega depois e não respeita a distância.

Não é aversão a pessoas. É uma questão de perda do senso comum de educação. Nunca foi educado encostar-se na pessoa que está na sua frente da fila. Mas isso acontece comigo sempre. Quem fica atrás começa a andar sem que a fila ande. Aí vou ficando sem jeito porque começo a sentir a pessoa bufar de raiva no meu pescoço, porque a fila não anda, mas a criatura até já andou. Aí eu fico naquela situação, não vou me indispor com ele ou ela porque a pessoa já está nervosa sabe-se se lá como vai reagir a um “chega um pouquinho mais pra trás”. Uma boa idéia pode ser dar um passinho à frente, não caiam nessa porque ele vai seguir andando se você mover um milímetro o de trás anda junto mesmo que a fila não tenha andado. E o que vai acontecer é que você vai acabar comprimindo o da frente que vai comprimir o próximo... O ar condicionado não dá conta, a fila fica quente, todo mundo bufando um perto do outro é uma irritação geral.

Em supermercados essas pessoas sem educação vão andando sem que a fila ande e o carrinho encosta na pessoa da frente, muitas vezes tenho que tapar o lugar onde digito a senha na hora do pagamento, pois o próximo enfileirado já está por cima de mim. No trânsito o nervosinho buzina sem parar e vai botando o carro pra cima dos outros.

Eu gosto mesmo das filas em que nós ficamos sentados, mesmo com as poltronas unidas e tenha um agitado que sacode o pé e balança toda a fileira. Outra coisa boa seria marcar as posições da fila no chão, bem simples: uma bolinha dizendo primeiro, distância, bolinha dizendo segundo e assim vai. Que vai demorar a gente já sabe, só não precisa ficar todo mundo amontoado com calor, vamos aproveitar o nosso espaço.

Sarah Picasso

Nenhum comentário: